Participação dos estudantes: 5 estratégias para motivar o estudante online
Esta é uma publicação a pedido de Brian M. Morgan, presidente e professor associado de Ciência e Tecnologia Integrada da Universidade Marshall.
Imagine onde você estava em sua carreira docente há um ano atrás. Agora pense onde você estava há alguns meses atrás, em janeiro de 2020. Você em algum momento se preocupou pela forma como você poderia engajar os alunos em situações de aprendizagem virtual e on-line? Provavelmente a maioria de vocês não se preocupava por isso, mas hoje é bem possível que você tenha encontrado este texto enquanto procurava novas maneiras de ensinar e engajar os estudantes no meio da pandemia global.
É difícil para qualquer um entender onde estamos hoje, o que aconteceu e que mudanças tivemos que fazer como educadores. Às vezes ficamos escravos das notícias e possivelmente não queremos aceitar as mudanças atuais e preferimos manter a esperança de voltar àquilo que conhecíamos como normal, mas, ao mesmo tempo, devemos nos concentrar em perceber que temos que fazer algo diferente para ajudar nossos alunos. Os professores do pré-escolar até a universidade estão tentando fazer tudo certo na hora de migrar seu conteúdo on-line, seja assíncrono ou síncrono.
Antes de falar de dicas para promover a participação estudantil, quero compartilhar com vocês o que não vai funcionar. No semestre passado, nossa faculdade teve apenas duas semanas para mudar as aulas para o formato on-line. Cada membro da faculdade, cada curso, independentemente do nível de experiência, tinha que fazer essa mudança. Muitas pessoas nunca haviam usado o Blackboard Learn antes. A maioria nunca havia ensinado nada além dos tradicionais cursos presenciais. A disponibilização do conteúdo aos nossos alunos foi uma batalha.
Os estudantes universitários em cursos onde o instrutor simplesmente colocava seus slides e tarefas on-line e instruía os estudantes a ler, fazer o trabalho e enviá-lo, não se deram bem. Os alunos do ensino médio estavam em uma situação semelhante, onde os professores imprimiam as atividades e pediam que eles fizessem o trabalho em casa com seus pais também não se deram bem.
Os estudantes de todos os níveis que tiveram um professor que os engajou com conferências ao vivo/síncronas, conferências pré-gravadas, ligações, chats ao vivo, experiências na sala de aula virtual do Class Collaborate e outras ferramentas tiveram mais sucesso acadêmico e, no caso dos estudantes do meu departamento, eles relataram ter vivenciado uma experiência melhor e mais satisfatória. Meus alunos do ensino básico (K-12) relataram experiências semelhantes.
Procurei todos esses professores que engajaram seus estudantes e lhes agradeci. Também não foi fácil para eles, mas eles sabiam o que era necessário para que estes estudantes não apenas tivessem sucesso, mas simplesmente sobrevivessem a esta experiência desconhecida.
Passaram rapidamente dois meses a partir do final do último semestre e agora, mais do que nunca, ao iniciarmos o novo ciclo acadêmico, caso você se preocupa e se importa pelo sucesso de seus alunos, é primordial que você procure formas de engajá-los em seus cursos, sejam eles presenciais ou virtuais. A postagem abaixo foi escrita em 2016, mas acredito que seu conteúdo ainda é relevante hoje.
O seguinte texto foi publicado originalmente em 11 de abril de 2016.
Caso você ensine estudantes de creche, profissionais de doutorado ou qualquer outra pessoa, a participação e a motivação dos estudantes será sempre um desafio. Os cursos on-line podem apresentar desafios únicos que são muito diferentes daqueles que encontramos nas aulas presenciais tradicionais, especialmente porque muitas vezes você não vê nem interage fisicamente com seus alunos em tempo real. Sem essa comunicação cara a cara, podemos perder as expressões verbais e as emoções nas quais os professores confiam na sala de aula.
Muitos acreditam que manter os estudantes interessados e motivados é tão fácil quanto seguir uma fórmula. Infelizmente, não há uma fórmula mágica ou bola de cristal para nos ajudar na motivação dos alunos, pois cada grupo e cada turma são muito diferentes. Muitos fatores afetam a motivação de um estudante para trabalhar e aprender, incluindo: interesse, percepção, desejo, autoconfiança, autoestima, paciência e persistência (Bligh, 1971; Sass, 1989).
A psicologia educacional identificou dois tipos de motivação: a intrínseca e a extrínseca. A motivação intrínseca vem do desejo de aprender algo para a realização pessoal ou para dominar um assunto. Por outro lado, a motivação extrínseca vem do desejo de ter sucesso a fim de alcançar um resultado. Os estudantes extrinsecamente motivados tendem a ser orientados a consecução do diploma, enquanto os estudantes intrinsecamente motivados são aqueles que geralmente estão interessados em seu trabalho.
Caso você já tenha ensinado no formato on-line, tenho certeza de que às vezes teve dificuldades para motivar seus alunos. Nesta publicação, vou compartilhar alguns dos métodos que apliquei para tentar motivar meus alunos on-line a participar e monitorar seu aprendizado. Eu realmente acredito que a participação dos estudantes é a chave para o sucesso em um curso on-line.
#1. Recompensar os sucessos dos alunos
Os estudantes não são robôs. Os estudantes são humanos. Os seres humanos gostam de ser recompensados. Portanto, recompense o sucesso dos alunos. Os elogios ajudam a desenvolver a autoestima e a confiança, o que, por sua vez, ajuda a motivar os estudantes a continuar com a próxima tarefa. Sempre que possível, divida com a turma aqueles trabalhos excepcionais realizados por algum dos colegas. Certifique-se de variar e utilizar como exemplo diferentes estudantes. Você não apenas elogiará as pessoas que está usando como exemplos, mas também motivará àqueles que realmente querem fazer um melhor trabalho. Por outro lado, seja específico ao dar feedback negativo, evitando sempre ser degradante. Não há maneira mais rápida de perder o foco dos meus estudantes do que quando estou chateado ou quando sou degradante, até mesmo por acidente.
Outra maneira eficaz de recompensar e motivar os estudantes é pendurar uma cenoura na frente deles, pela qual quase todos me perguntam em algum momento durante o semestre; eu ofereço um crédito extra com antecedência. Se eles participam do curso e trabalham em suas tarefas/projetos/exames regularmente, eles recebem 5 pontos de crédito extra por cumprir em tempo e forma o programa do curso. Nos meus cursos on-line, minha estratégia é marcar um horário recomendado de leituras com prazos de entrega e reforço a ideia de que se eles seguem o horário não deveriam ter problemas para completar o curso no final do semestre. Ao mesmo tempo, entendo que na vida podem acontecer muitas coisas, portanto, se eles descumprem um prazo de entrega, tudo bem, eles só devem se certificar de entregar tudo antes do prazo final. Isto funciona para aqueles que enviam seu trabalho regularmente.
# 2. Permitir que os estudantes monitorem seu próprio progresso
Alguns estudantes são genuínos empreendedores, permanecem motivados e é um prazer tê-los na sala de aula. No entanto, todos somos diferentes, e sendo que a razão pela qual eu ensino é porque gosto de ajudar as pessoas, eu, assim como outros educadores, devo perceber que nem todos confiam em si mesmos na hora de estudar um tema novo. Estes estudantes poderiam não sentir nenhuma motivação. O Blackboard Learn fornece algumas ferramentas de avaliação poderosas para monitorar o progresso dos alunos. Estas ferramentas podem ser usadas para ajudar a monitorar os alunos e motivá-los a atingir os objetivos do curso. Algumas dessas ferramentas incluem salas de discussão, blogs, projetos de grupo, tarefas e tempo de aula virtual, só para citar algumas. Cada uma delas tem suas fortalezas e fraquezas, e há literalmente dezenas de formas diferentes de utilizá-las, mas eu só quero salientar minha experiência nesse sentido.
Para minhas aulas tradicionais, há momentos em que eu acabo postando mais nos painéis de discussão do que com meus cursos on-line. Publico nos fóruns um resumo de tudo o que fazemos em cada aula para que os alunos possam focar suas ideias e lembrar o que acabamos de fazer. Para minhas aulas on-line, todas as notas e exemplos são pré-carregados nas páginas de conteúdo do curso. Eu lecionou um curso de programação introdutória e um curso de banco de dados on-line, portanto não há realmente espaço para longas discussões, pois ambos os cursos são introdutórios. Os blogs são úteis em qualquer ambiente, pois oferecem a oportunidade de publicar um relato detalhado de um novo tema, um avance tecnológico, algo sobre as últimas notícias, etc.
Tentei trabalhar em grupo em minhas aulas on-line, mas infelizmente tive más experiências. Se os estudantes estão realmente a distância, com certeza ainda lutam para encontrar tempos e tecnologias comuns para se juntar às atividades. Pessoalmente, com a tecnologia, sinto que tudo é possível, mas, por enquanto, abandonei o trabalho em grupo em minhas aulas on-line por causa das dificuldades envolvidas. Fora das discussões das reuniões, os mesmos conflitos que existem em uma aula tradicional existem em uma aula on-line com uma liderança de grupo forte e outros que seguem essa liderança.
#3: Criar um ambiente aberto e acessível para os estudantes
Um dos melhores métodos para manter os estudantes focados foi a criação de horas para sessões de orientação. Ficar à disposição deles em um determinado momento para falar ou fazer uma videoconferência tem funcionado muito bem, agreguemos a isso a possibilidade de que os estudantes possam enviar mensagens de texto. Parece que muitos estudantes preferem enviar mensagens de texto do que enviar um e-mail com suas perguntas. Acho que a natureza instantânea do texto que utilizam nas ferramentas das redes sociais hoje faz com que eles se sintam mais confortáveis interagindo dessa forma do que por e-mail. Pelo contrário, se eu pedir que me enviem um e-mail com seu código, vários deles me enviarão uma mensagem de texto e me avisarão do envio de um e-mail. Para mim, isto é o que funciona melhor para eles, e ser flexível como professor é fundamental. Oferecer feedback em tempo adequado também é fundamental para mantê-los motivados para trabalhar com você.
Uma coisa que eu gosto de fazer é ajudar os estudantes a encontrar significado e valor pessoal no material disponível. Eu olho para minha lista da turma e tento incorporar exemplos ou comentários que relacionam o material a cada disciplina especializada. E pensem nisto… Quantos de vocês tiveram experiências educacionais onde os instrutores foram difíceis de acompanhar, impossíveis de encontrar, assumiram a chefia da aula e lideraram com um punho de ferro, etc. Como vocês responderam nessas aulas? Quão motivados estavam para comparecer cada dia ou tentar fazer perguntas quando precisavam de ajuda? Você deve criar uma atmosfera aberta e positiva, incluindo ser pontual com perguntas e estar disponível, dentro das horas das sessões de orientação. Você pode fortalecer a automotivação própria sem reforçar seu poder como instrutor.
Mesmo que você não veja seus alunos cara a cara nesse formato on-line, você ainda tem a oportunidade de torná-los parte da aula e apresentá-los a seus colegas e envolvê-los na comunicação. Assim como acontece na sala de aula física, na sala de aula on-line não deve existir uma comunicação unidirecional. Os estudantes devem entender que você sabe o que está fazendo e, o mais importante, que você se preocupa por eles e por seu sucesso. Nem todos vão querer se comunicar e nem todos aprendem da mesma maneira, o que significa que você pode fornecer exemplos, casos de estudo, múltiplas abordagens para transmitir informações sobre um tópico para ajudar a alcançar diferentes fortalezas, estilos de aprendizagem e interesses. As aulas on-line são muito benéficas para isso, pois os alunos optarão por rever o conteúdo através dos métodos que eles preferem, enquanto em uma aula presencial você pode não ter tempo para fazer isso.
#4: Ajudar aos alunos a estabelecer metas alcançáveis durante o curso
De acordo com Davis (Tools For Teaching de Barbara Gross Davis, Jossey-Bass Publishers: San Francisco, 1993), os estudantes devem ser encorajados para tornarem-se independentes e para sentirem-se motivados por si próprios. Como professores, podemos ajudar nesse processo: fornecendo feedback positivo, oportuno e frequente que apoie as crenças dos alunos de que eles podem fazer tudo certo. Também podemos garantir oportunidades para o sucesso dos estudantes atribuindo tarefas que não são nem muito fáceis nem muito difíceis. Procure estabelecer expectativas altas, mas não irrealistas nas avaliações e interações. Evite o trabalho intenso tanto quanto seja possível. Eles já tiveram suficiente disso na secundária. Evitar o trabalho excessivo e manter os estudantes focados é chave para manter seus estudantes motivados.
Outra abordagem para isso é ajudar os alunos a estabelecer metas alcançáveis durante o curso. O que eu faço é estabelecer tempos estimados de conclusão para cada projeto. Dessa forma, não há expectativas irreais de completar as coisas sem a quantidade certa de preparação ou tempo investido na tarefa. Além disso, diga aos estudantes o que eles precisam fazer para ter sucesso. O sucesso tem significados diferentes para cada aluno, mas estabelecendo expectativas claras sobre o que você espera para os diferentes níveis de desempenho, eles trabalharão para alcançar o que desejam obter do curso. Não esqueça antecipar os problemas que poderiam existir e pergunte constantemente como você pode ajudar e, ao mesmo tempo, seja entusiasta. Os estudantes podem detectar como você responde ou se está ou não entusiasmado em ensiná-los.
#5: Permitir que os alunos participem da construção do plano de estudos
Você pode pensar que sou louco, mas sempre que possível, deixe que os alunos expressem suas ideias sobre o conteúdo da aula. Às vezes faço isso sem deixar de manter a estrutura. Antes do início do semestre, pergunto aos meus alunos mais velhos o que eles querem obter da aula. Incorporo muitos dos tópicos que eles recomendam, mantendo a teoria e a prática suficientes para atender os objetivos do curso.
Durante uma aula, peça a opinião dos alunos sobre o conteúdo. Você pode manter cerca de 80% de uma aula seguindo um horário e permitir que os outros 20% fluam e que seus alunos desfrutem e aprendam das experiências. Você pode fazer isso em aulas on-line tão facilmente quanto cara a cara, incorporando novos temas, incentivando / abrindo discussões e blogs. Uma maneira de conseguir que meus alunos falem sobre o curso é dar-lhes a oportunidade de completar o que eu chamo de fichas de Acertos / Queixas (obrigado, Dr. David Cusick). Os alunos salientam o que é bom no curso e o que gostariam de mudar, suas queixas. Alguns dos comentários mais construtivos que conseguir incorporar em um curso provêm destas fichas de Acertos / Queixas.
Quando os estudantes fazem perguntas, eu nunca simplesmente lhes digo a resposta ou lhes dou as soluções. Consultei meus alunos; se você perguntar a um calouro, eles podem lhe dizer como eles ficam chateados nessa situação. Mas, se você consultar meus alunos mais velhos, eles vão apreciar minha forma de manejar as perguntas. Normalmente respondo com uma pergunta ou uma dica gentil na direção certa. Isto pode ser muito frustrante para os estudantes, mas ao mesmo tempo, muito gratificante uma vez que eles percebem que encontraram a solução para sua própria pergunta. Isto também é muito gratificante como instrutor, pois eu realmente gosto de ver a luz acender quando um estudante resolve um problema e aprende. Você pode conseguir isso em uma aula on-line tão facilmente quanto em um curso presencial através de e-mails, mensagens de texto, discussões, etc.
A chave geral para o sucesso na motivação online dos estudantes é incorporar fatores de motivação e atividades de participação em seu curso. No entanto, não perca de vista o objetivo principal da aula, que é educar seus alunos. Na outra ponta do espectro, as pesquisas mostram que as boas práticas diárias de ensino podem fazer mais para combater a apatia dos estudantes do que os esforços especiais para atacar diretamente a motivação (Ericksen, 1978). Em poucas palavras, não exagere. Você tem que trabalhar para encontrar a combinação certa. No final, cada aluno é diferente e cada aula é diferente.
Gostaria de deixa-los com um pensamento: se você não sabe o que está e o que não está funcionando em sua aula, sente que está perdendo seus alunos ou que não está tendo sucesso, simplesmente peça conselho aos seus estudantes. Acredite em mim, eles vão falar.
Brian Morgan é o Decano Associado da Faculdade de Ciências da Universidade Marshall. Antes de ser indicado para o cargo de Decano Associado em 1º de julho de 2020, ele lecionou no Departamento de Tecnologia da Informação e Computação da universidade por 20 anos, e anteriormente ocupou o cargo de Diretor do Centro de Tecnologia Educacional da Marshall, e também foi o administrador da Universidade WebCT. Brian já ensinou mais de 75 seções de cursos em um ambiente 100% online e utiliza Anthology de diversas formas para todos seus cursos.